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segunda-feira, 29 de agosto de 2016
sábado, 6 de agosto de 2016
O amor
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O amor é bálsamo milagroso para os hematomas da alma.
Elixir da juventude, não importa a idade que se tem.
Vacina tríplice contra os males da falta de poesia, de sonho e de ternura.
Composto vitamínico eficaz para mantermos, acesa, a capacidade de brilho no olhar.
Receita caseira da vovó para massagear a vida com a própria essência que a vida fornece.
O amor é sol que chama a sombra pra ser outra coisa.
É relógio que marca um tempo diferente.
É um jeito que escapole do controle.
É música que faz os medos ficarem doidos de vontade de dançar.
É pipa que empinamos no quintal da nossa casa, rabiola feita de riso e de encanto, os pés descalços na terra; descalço, sobretudo, o coração.
É convite precioso para a vida cantar mesmo quando desafina, porque tudo desafina de vez em quando.
O amor é fruta madura colhida agorinha, não importa quantas vezes o calendário tenha se reinventado.
É promessa sem garantia nenhuma.
É a melhor fala do roteiro, tanto faz se de improviso.
É a muda da estrela mais feliz que a gente traz pra cultivar na Terra.
É a inspiração que sopra no corpo e na alma um punhado contente do que imaginamos ser o paraíso.
É a maneira divina mais bonita de nos humanizarmos de verdade.
O amor é o lugar mais transformador e ventilado do universo.
É quando Deus brinca e a gente brinca junto.
© ANA CLÁUDIA SALDANHA JÁCOMO
In Cheiro de flor quando ri 1
(publicado em 10 de Fevereiro de 2010)
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quinta-feira, 4 de agosto de 2016
sem título
Tenho em mim
O medo de engrandecer tanto
As coisas pequenas
Que as grandes sumam
de cena
Guardo uma tampa que acho na rua
Como um tesouro
E jogo fora meu ouro
Na próxima esquina
Porque se precisa ser guardado
Ou aguardado
Pouco importa
Importa que seja nada
Procuro os nadas
de Manoel de Barros.
E inutilmente esbarro
em vazios.
Guardo em mim
Palavras de mendigos
Relevos de calçadas
Postos abertos após as 10
E, com tudo isso,
Adoeço de ser eu
Desconfio sempre de onde estou
Mesmo confinado em casa
Me esvazio ao oco
Em filas de supermercado.
E lamento,
Contudo,
Que não sei lidar
Com nadas.
Marcos
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Luto
" E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida. "
João Cabral de Mello Neto
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texto em: http://pensador.uol.com.br/joao_cabral_de_melo_neto/
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terça-feira, 2 de agosto de 2016
Os Três Mal-Amados
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O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas.
O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras.
Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade.
Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré.
Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.
Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia.
Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas.
Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam.
Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta.
Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra.
Meu dia e minha noite.
Meu inverno e meu verão.
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
Poesia em: http://pensador.uol.com.br/joao_cabral_de_melo_neto/
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