quarta-feira, 7 de outubro de 2020

As agruras do Aqui-Agora

 No silêncio do cansaço ponho ordem e me levanto

Levanto do sofá pesado, já não sou agora o que hoje eu fui.


Depois de ter estado no deserto do real, sendo um à mais dentre tantos

Volto para casa, cansado e cheio de gentes

Opiniões das pessoas, outras maneiras de fazer as mesmas coisas. Muita fala.

Cheio de palavras, cheio de cansaços, sento-me no sofá e descanso.


Olho o teto e vejo sombras. O vento balança a vela e do meu canto não me levanto.

Só cansaço. Nenhum lugar para preocupação nem considerações obscuras

Sombras balançando no teto só me fazem pensar em mais gentes

E só procuro silêncios.


Colégio-Escola Arcoverde




Imagem: https://atalmineira.files.wordpress.com/2020/07/passarinho.jpg?w=640



terça-feira, 2 de junho de 2020

Começa por ti - Dalai Lama

Resultado de imagem para És a flecha que tem por destino ser arremessada ao tronco do conhecimento



Tua natureza divina não foi feita para ser aprisionada
 à sombra do sofrimento, fora do alcance de Deus, 
e sim para expandir, crescer, para assim, 
reencontrar sua real função. 

És a flecha que tem por destino 
ser arremessada ao tronco do conhecimento 
e, se forças em direção contrária, cais em depressão, 
por negares ao teu ser a tua real necessidade 
que é a de estares livre, 
presente na tua realidade divina. 
Deves saber que as coisas não precisam acontecer 
nesta ordem. 

Tens a opção em escolher novamente, 
sempre que sentires a ausência do teu coração 
em tuas decisões, ou seja, 
a ausência da paz de espírito. 

Volta, recolhe teu ser no silêncio que habita tua morada, 
e lá, começa por ti. 

O que queres que não podes ter? 

Nesta frase tão curta, reside todo o emaranhado 
de fios que te sufocam a cada dia.

Começa por ti e em ti. 

Aprende a conhecer tuas reais necessidades 
e começa por elas. 

Uma a uma, purificando teu ser do sofrimento 
que tens te causado por todo este tempo.

Desacredita da tua má sorte 
e põe tua atenção, teu coração  
no conhecimento que está dentro de ti, 
em silêncio, 
a esperar-te para dar-te a paz, 
a certeza de quem és. 

Para cultivar a sabedoria, 
é preciso força interior. 

Sem crescimento interno, 
é difícil conquistar a autoconfiança 
e a coragem necessárias. 

Sem elas, nossa vida se complica. 

O impossível torna-se possível 
com a força de vontade.

Dalai Lama


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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Impermanente



“A impermanência 
já nos revelou muitas verdades, 
mas há um tesouro final sob sua guarda, 
que fica profundamente escondido de nós, 
cuja existência não suspeitamos 
e não reconhecemos, 
embora seja nosso do modo mais íntimo.”

– Sogyal Rinpoche, 
em 
“O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”. 

domingo, 9 de junho de 2019

Yo No Te Olvido

Resultado de imagem para Alzheimer. Se trata de la iniciativa YO RECUERDO,


“Si alguna vez olvido quien soy...

Ven y llévame al mar para que me funda en su azul...

Dile a la luna llena que necesito verla...

 Y a las estrellas que vigilen, que no me apague...

Recuérdame cada intento...

 Para que recuerde que fui capaz...


Enséñame montañas, sonrisas y nubes...

Y dime que me esperan...

Tararéame bajito y balancea mi cintura para que la música regrese a mis pulmones...

Susúrrame un "te quiero" para que mi corazón recuerde lo que es latir...

Dime que los sueños son más reales que la realidad y que me esperas allí para demostrármelo...

Tráeme lluvias y tormentas para poder resguardarme en casa...

Inventa fantasías que hagan temblar mi piel...

Abre puertas que resuciten mi alma y me devuelvan la fe...

Átame a tu abrazo y no me dejes escapar...

Mírame a los ojos para que los tuyos griten mi nombre y me reconozca de nuevo...

Y hazme saber que el amanecer no amanece sin mi despertar...

Si alguna vez olvido quien soy...Por favor...No lo olvides tu...”


Campaña chilena sobre el Alzheimer - #YoNoTeOlvido #YoRecuerdo

Imagem by Google Search

sábado, 17 de novembro de 2018

Mulher Vestida de Gaiola

Linhas finas / Gaiola e Pássaros / Birdcage n' birds • Tattoo Artist: …

Mulher Vestida de Gaiola

Parece que vives sempre
de uma gaiola envolvida,
isenta, numa gaiola,
de uma gaiola vestida,

de uma gaiola, cortada
em tua exata medida
numa matéria isolante:
gaiola-blusa ou camisa.

E assim como tu resides
nessa gaiola, cingida,
o vasto espaço que sobra
de tua gaiola-ilha

é como outra gaiola
igual que o mar: sem medida
e aberto em todos os lados
(menos no que te limita).

Pois nessa gaiola externa
onde tudo tem cabida,
onde cabe Pernambuco
e o resto da geografia,

três bilhões de humanidade
e até canaviais de usina
sei que se debate um pássaro
que a acha pequena ainda.

Tal gaiola para ele
mais do que gaiola é brida;
como cárcere lhe aperta
sua gaiola infinita

e lhe aperta exatamente
por essa parede mínima
em que sua gaiola-mundo
com a tua faz divisa.

Contra essa curta parede
entre ti e ele contígua,
que te defende e para ele
é de força, se é camisa,

todo o dia se debate
a sua força expansiva
(não de pássaro, de enchente,
de enchente do mar de Olinda).

Por que ele a quem sua gaiola
de outros lados não limita,
deseja invadir o espaço
de nada que tu lhe tiras?

por que deseja assaltar
precisamente a área estrita
da gaiola em que resides,
melhor: de que estás vestida?


João Cabral de Melo Neto

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poesia: http://acertodecontas.blog.br/cultura/mulher-vestida-de-gaiola/

Imagens:

 https://www.pinterest.es/pin/828380925187414515/

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cb/JoaoCabral-Recife.jpg

https://i.pinimg.com/564x/64/5c/b3/645cb3208e6b574168ce75adc3fdb6d6.jpg


Pássaros e gaiola

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Insight - A vida é um pisca-pisca



Poetas, escritores, filósofos e, sobretudo, religiosos, têm seu conselho em face da morte. Todos nós temos nossa opinião para alguém num momento de enfrentamento de morte. Mas e como nós enfrentamos a vida diante de um caso próximo de morte? 

Fiquei pensando muito sobre isso nesses dias… 

E fiquei pensando muito sobre o que estou fazendo da minha vida.

O poeta Mário Quintana já nos ensinou que não há como falar em morte, em vida, sem falar em tempo. 

É ele, o tempo, o senhor de todos os nossos destinos, é o tempo que escorre entre nossos dedos e nos leva embora a vida, o nosso dever de casa, no poema “Tempo”:


A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, 
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho 
a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente 
e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo 
que, infelizmente, nunca mais voltará.

(Mario Quintana)

E quando se vê, já se está partindo, já se está deixando amigos, amores, familiares, já se está deixando filmes sem ser vistos, livros não lidos, gostos não provados. 
É o tempo, que na mitologia, seus filhos engole sempre. Todos lembram-se de Cronos (que a teus filhos engolia)… E as Parcas? Conhecidas como as Moiras (na Grécia), são três deusas – Nona (Cloto), Décima (Láquesis) e Morta (Átropos) – que determinam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte, de maneira que nem Júpiter (Zeus) pode contestar suas decisões. Nona tece o fio da vida, Décima cuida de sua extensão e caminho, Morta corta o fio. São também designadas fates, daí o termo fatalidade.

É o tempo que, no romance Os Maias (e nas nossas vidas!), desgasta Alencar, engorda Carlos, encalvece João da Ega, torna grisalho o Taveira, e faz o Craft “avelhado” e doente do fígado. Enfim, desgasta, engorda, encalvece, dissipa, se esvai.

Neste romance, é o tempo também que modifica a atitude das personagens, que traz consigo a recordação de um espaço carregado de objetos que são vestígios dum mundo agora estranho, abandonado, misturado, coberto de pó, com estragos e em meio a sombras, que traduz a destruição de todos os sentimentos, a morte total advinda do tempo. Morte manifesta também na ferrugem verde que cobre a estátua de Vênus, no Jardim, e o pó no retrato de Pedro da Maia. Com isso, um ciclo está fechado, tudo acabou de vez. Ou, nas palavras de Carlos: “Um efeito de conclusão, de absoluto remate”.

O poeta “Boca do Inferno”, Gregório de Matos, também traz uma reflexão sobre a brevidade da vida no soneto a seguir:


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

(Gregório de Matos)

Cada tempo tem sua ideia sobre o passar da vida, sobre o chegar da morte. Da Idade Média à contemporaneidade, passando pelo Renascimento e, principalmente pelo Romantismo, a morte está na agenda das discussões.

E volto à reflexão primeira sobre o que faço do meu dever de casa, da vida, breve, que tenho só minha… bem, sigo piscando, tecendo meu rosário de piscadas, como nos ensina Lobato, por meio de Emília, nas suas memórias:


(Emília) –  A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. 
A gente nasce, isto é, começa a piscar. 
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. 
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. 
É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais […] 
A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. 
Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. 
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, 
pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, 
e por fim pisca pela última vez e morre. 
– E depois que morre?, perguntou o Visconde. 
– Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?


A Vida é um Pisca-Pisca

Mitakuye Oyasin - "Tudo está relacionado à existência de todos"




Aho!
 Mitakuye Oyasin!

Todas as minhas relações. 
Tudo está relacionado à existência de todos.
Eu honro vocês neste círculo da vida comigo hoje.  
Eu sou grato por esta oportunidade de reconhecer vocês nessa oração.

 Para o Criador, 
pelo dom supremo da vida, eu agradeço!

 Para a Nação Mineral 
que tem construído e mantido meus ossos 
e todas as fundações de experiência de vida, 
eu agradeço!

 Para a Nação Planta 
que sustenta meus órgãos e o meu corpo 
e me dá ervas para cura das doenças, 
eu agradeço!

 À Nação Animal 
que me alimenta de tua própria carne, 
e oferece sua companhia fiel nesta caminhada da vida, 
eu agradeço!

 Para a Nação Humana 
que compartilha meu caminho como uma alma 
sobre a roda sagrada da vida terrena, 
eu agradeço!

 Para a Nação Espírito 
que me guia invisível através dos altos e baixos da vida 
e para transportar o facho de luz através dos tempos.  
Agradeço a você!

 Aos Quatro Ventos de mudança e crescimento, 
eu agradeço!

"Tudo está relacionado à existência de todos"
Vocês são todos meus parentes, 
meus parentes, sem os quais eu não viveria.  
Nós estamos no círculo da vida em conjunto, 
coexistentes, co-dependentes, co-criamos nosso destino.  
Um não é mais importante que o outro.

Uma nação em desenvolvimento a partir do outro 
e ainda depende de cada um acima e de cada um abaixo. 
Todos nós, uma parte do Grande Mistério.
Obrigado por esta vida.
Obrigado por todas as nossas relações.