quinta-feira, 3 de novembro de 2016

No estás deprimido, estás distraído




Te olvidaste de mirar la belleza, 
de sentir el perfume de las flores, 
de escuchar música 
y soñar con besos apasionados.

No estás triste estás confundido. 
Aturdido con tanta cosa nueva o vieja 
con tanto futuro, por hacer, 
con tanto pasado por superar.

No estás aburrida, perdiste el deseo, 
porque estás buscando donde no está. 
Estás buscando donde no hay !

No estás enojada, 
necesitas abrazos, 
y besos 
y caricias en el cuerpo 
y en el alma, 
y estás cansada de esperarlas.

No estás solo, 
no estás sola. 
Hay billones de seres en este mundo, 
tan desencontrados de lo que quieren, 
que princesas y caballeros 
pasan a un lado uno del otro 
y no se reconocen. 
Se esconden de los otros 
y de ellos mismos.

Escondidos bajo la cama 
muertos de miedos del miedo ... 
Niños que jamás superaron los temores infantiles 
y aún se tapan hasta la cabeza 
por temor a sufrir.

Escondidos también de si mismos. 
Sin poder perdonarse. 
Cubiertos de fobias, 
de manías, 
de kilos, 
de ropajes de condicionamientos sociales. 
Llenando todos los vacíos internos 
con cosas equivocadas

Si quieres amor, no busques trabajo. 
Si deseas que te toquen, no termines tocándote solo, 
si tienes ganas de algo, busca esa pieza 
para que puedas completar el rompecabezas, 
de otra forma solo estarás tratando de hacer 
entrar un círculo en un cuadrado.

Qué estás esperando para superarte ..? 
Para sanarte ? 
Para dejar de lastimarte con privaciones, 
con culpas 
y con miedos ..? 
Estás esperando morir ? 
La gente hace cualquier cosa 
para evitar enfrentarse 
desnuda al espejo. 
Para evitar estar a solas con su alma

Como si pudieras escaparte de ti. 
No ves que te llevas donde vayas ! 
? Deja de huir !
Deja de buscar el mejor Guru, 
la última receta de bienestar, 
la terapia de moda.

Tú eres la enfermedad y la cura. 
Eres el enfermo y el médico, 
el vicio y el milagro. 
Tú eres tu enemigo más cercano. 
Tu único enemigo en realidad ! 
No hay nadie afuera, 
son ilusiones ! 
Siempre has sido tú.

No estás deprimido, como decía Facundo Cabral, 
estás distraído de la vida que te puebla...

Levántate de la cama, 
o del sillón, 
o del piso, 
o del confort... 
Lávate la cara 
con un jabón de un rico perfume a rosas, 
a mar, 
a "si puedo, 
y si quiero"... 
Vamos !!! 
Vamos !!

Y no importa lo que te haya pasado. 
No te ha pasado nada diferente de lo que a otros miles. Estamos juntos en este barco, 
agarra el dolor con las manos, 
hazlo parte de ti para que te deje de espantar, 
y ven conmigo a una casa 
donde las paredes están hecha de canciones.

No somos polvo, sino magia ! 

Que la muerte nos encuentre viviendo !

Nos vemos allí

Claudia Luna







Poesia e imagem By:


sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Ave Maria



Ave Maria repleta de luz

Benditas somos nós filhas da Tua Graça

Benditas somos nós nascidas de Teu ventre.


Abençoai a todas em nossa jornada

Para que sigamos sob tua guarda


Ensinai-nos a beleza da delicadeza

Mostrai-nos o caminho da beleza interna


Santa Maria senhora das rosas

Perfumai nosso destino com Tua Presença

Retirai os espinhos de nossos caminhos

Abençoai nossos úteros para que sejamos

Geradoras da generosidade


Protegei-nos de nossas próprias sombras

Para que não venhamos a ferir nossas irmãs


Que sejamos mãos estendidas

Braços abertos e abraços apertados

Que possamos seguir Seu exemplo


Assim na terra como nas águas

Assim no ar como no fogo

Assim na vida, como na passagem

Assim em mim como em todas!


Assim seja!


Rose Kareemi Ponce


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Oração à São Francisco de Assis




Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz

Onde houver ódio, que eu leve o amor

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão

Onde houver discórdia, que eu leve a união

Onde houver dúvida, que eu leve a fé 

Onde houver erro, que eu leve a verdade

Onde houver desespero, que eu leve a esperança

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria

Onde houver trevas, que eu leve a luz.


Ó mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado

Compreender que ser compreendido

Amar que ser amado

Pois, é dando que se recebe

É perdoando que se é perdoado

E é morrendo que se vive

Para a vida eterna


sábado, 1 de outubro de 2016

Mooji - O último pensamento





" Lembro-me de uma história que costumava contar, 

e já não a conto há muito tempo:

 Havia um homem, um homem de negócios, e cada vez que fechava sua loja ia ao satsang. 

Às vezes estava tão cansado que adormecia no satsang. 

Mas ele adorava ir sempre ao satsang, 

só que nem sempre conseguia manter a atenção 

ou os olhos abertos durante este tempo. 



Então, um dia ele estava em satsang e o guruji estava falando, 

e disse uma coisa para a sala, mas este homem ouviu muito bem. 

O guruji disse: 

Qualquer que seja o pensamento que esteja em sua mente, 

o seu último pensamento, te levará ao seu próximo nascimento. 

O seu pensamento final, te levará ao seu próximo nascimento.



Estas palavras atingiram o homem de forma tão poderosa, 

que depois do satsang ele foi para casa e não conseguia deixar de pensar: 

O último pensamento determinará o meu próximo nascimento... 

Oh meu Deus, isto é demais! 

E pensava tantas coisas. 

Minha vida é tão atribulada, 

como é que eu posso ter certeza 

de que o último pensamento me vai levar para o paraíso? 

Ele estava obcecado com esta ideia, 

pensando sempre naquilo.



Então, no decorrer do tempo a mulher dele ficou grávida e teve gêmeos, 

dois meninos. 

Ela perguntou: que nome daremos aos meninos? 

E imeditamente o homem disse: 

Chamemos um de Rama e o outro de Krishna. 

Porque vou ser muito apegado aos meus filhos, 

e com certeza, quando estiver morrendo estarei pensando neles. 

E assim, no meu último suspiro 

irei chamar os meus filhos 

e então irei ver Krishna e estarei com Rama, 

é isso!



Ele ficou satisfeito consigo mesmo e ficou muito feliz.



Os anos se passaram, e este homem ficou doente, 

com câncer. 

É uma doença rapidamente degenerativa, 

e ele tinha que sair de casa para ir ao hospital; 

não havia cura para ele. 

Ele estava lá deitado, com a respiração difícil. 

Mas ele pensa nos filhos 

e não consegue esquecer o que o guruji havia dito: 

E assim, a cada respiração lembra-se dos filhos, 

Rama... Krishna... 

e sentia-se muito bem, 

por detrás da dor, ele sentia muito bem, 

porque sou apenas meus filhos agora. 

Então, parece que o meu último suspiro está chegando 

e só penso nos meus filhos, 

Rama... Krishna...



Assim então, o fôlego se esvai. 

Então, o médico manda chamar os rapazes 

que tem agora por volta de 18 anos e que tomavam conta da loja. 

Então, o médico diz aos rapazes 

que fechem a loja e que venham se despedir do seu pai, 

venham depressa. 

Então, eles fecham a loja ao meio dia e vão ao hospital 

e ficam ao lado da cama de seu pai. 

O pai abre os olhos, 

vê seus filhos.. 

Ramaaaa, Krishnaaa...



Pai, estamos aqui! 

Cada um segurando numa mão. 

E ele: Ramaaa...Krishnaaaa.. 

E agora chega o último suspiro...

E eis que surge um pensamento, 

o último suspiro e... 

e os dois estão aqui quem ficou tomando conta da lojaaaa... "


...



Algumas pessoas me dizem: 

Ah você me confunde! 

E eu digo não, não te confundo, 

você se sente confuso "


...



"Então, se você mantiver esta ânsia dentro: 

tenho de ser livre, 

esta vida é para a Liberdade, 

então algumas vias vão surgir 

para te guiar à forma mais rápida. 

De acordo com a capacidade da sua mente, 

a forma mais rápida se a sua busca for genuína."



Mooji







vídeo by: 

texto e imagem by: 

Sendo Sol

Gratidão



Feliz Ano Todo


Que fique em cada janela da alma que me lê agora a certeza de que tudo o que

 vivemos não foi em vão. 


Que todas as tristezas e alegrias que nos permitimos viver não são meras 

coincidências, que tudo, tudo mesmo tem um propósito que desconhecemos, mas 

que no final da jornada de cada um de nós, fará todo sentido. 


Que todos vocês aproveitem cada minuto do dia ( de todos os dias ) como um 

verdadeiro presente. 


Que se sintam abençoados por tudo. 


Que não se prendam às dores passadas nem às projeções futuras. 


Que não deixem de acreditar na vida mesmo quando ela fechar todas as portas e 

uma escuridão terrível tomar conta da mente e de todos os sentimentos... quando a

 dor apertar, basta CHORAR... respirar fundo e voltar a ACREDITAR. 


Que cada um de vocês entenda que existe algo muito maior que qualquer um de nós 

– o AMOR, sob todas as suas formas e que isto independe de qualquer religião.


FELIZ ANO TODO pra vocês que estão me lendo, mas principalmente para aqueles 

que fizeram a diferença, espalhando luz, delicadezas e gentilezas por todos os

espaços. 


Gratidão IMENSA por vocês existirem no meu caminho. 


Namastê!


| Dulce Miller |









Prece






Então uma sacerdotisa disse: 

"Fala-nos da Prece".


E ele respondeu dizendo:


"

Vós rezais nas vossas aflições e necessidades: 

pudésseis também rezar na plenitude de vossa alegria e nos dias de abundância. 

Pois que é a oração senão a expansão de vosso ser para o éter vivente?


E se constitui conforto exalar vossas trevas no espaço, 

maior conforto sentireis quando exalardes a aurora de vosso coração.


E se não podeis reter suas lágrimas quando vossa alma vos chama para orar, 

ela vos deveria esporear repetidamente, embora chorando, 

até que aprendêsseis a orar com alegria.


Quando rezais, vos elevais até encontrardes, nas alturas, 

aqueles que estão orando à mesma hora, 

e que, fora da oração, talvez nunca encontrásseis.


Portanto, que vossa visita a esse templo invisível 

não tenha nenhuma outra finalidade senão o êxtase e a doce comunhão.

Pois se penetrardes no templo unicamente para pedir, 

não recebereis.

E se nele entrardes para vos curvar, 

ninguém vos erguerá.

E mesmo se aí fordes para mendigar favores para outros, 

não sereis atendidos.

Basta-vos entrar no templo invisível.


Não vos posso ensinar a rezar com palavras.

Deus não escuta vossas palavras, 

exceto quando Ele próprio as pronuncia 

através de vossos lábios.


E não vos posso ensinar a oração dos mares e das florestas e das montanhas.

Mas vós que nascestes das montanhas, e das florestas, e dos mares, 

podeis encontrar suas preces no vosso coração.


E se somente escutardes na quietude da noite, 

ouvi-lo-eis dizendo em silêncio:

Deus nosso, que és nosso Eu alado, 

é Tua vontade em nós que quer.

É Teu desejo em nós que deseja.

É Teu impulso em nós que pode transformar nossas noites, 

que Te pertencem.

Nada Te podemos pedir, 

pois Tu conheces nossas necessidades antes mesmo que nasçam em nós.

Tu és nossa necessidade; 

e dando-nos mais de Ti, Tu nos dá tudo.

"

Gibran Khalil Gibran  -  livro "O Profeta"








Texto by: http://conexoesdeluz.blogspot.com.br/2009/07/fala-nos-da-prece-gibran-khalil-gibran.html

Imagem by: http://i664.photobucket.com/albums/vv10/Nubia006/Blog1/Nubia_group_KahlilGibran-onprayer-H.jpg

O Profeta


Resultado de imagem para Al Mustafa vendo o navio chegar


O PROFETA


AL-MUSTAFA, o Eleito e o Bem-Amado,

que era uma aurora em seu próprio dia, 

esperava havia doze anos, na cidade de Orphalese, 

o regresso de seu navio 

que o levaria de volta à ilha onde nascera.



E no ano décimo segundo, ao sétimo dia de Ailul, o mês da colheita, 

galgou o monte fora da cidade e olhou para o mar; 

e deparou com o navio chegando com a névoa.

Então, as portas de seu coração abriram-se, 

e sua alegria voou longe sobre o mar. 


E, 

fechando os olhos, 

orou no silêncio de sua alma.



Mas ao descer o monte, foi invadido pela tristeza, e pensou no seu coração: 

“Como poderei ir-me em paz e sem pena? 

Não, não será sem um ferimento na alma que deixarei esta cidade.

Longos foram os dias de amargura que passei dentro de suas muralhas, 

e longas as noites de solidão; 

e quem pode despedir-se sem tristeza de sua amargura e de sua solidão?



Muitos foram os pedaços de minha alma que espalhei nestas ruas, 

e muitos são os filhos de minha ansiedade que caminham, 

desnudos, entre estas colinas, 

e não posso abandoná-los 

sem me sentir oprimido e entristecido.


Não é uma simples vestimenta que dispo hoje, 

mas a própria pele que arranco com minhas mãos.

E não é um mero pensamento que deixo atrás de mim, 

mas um coração enternecido pela fome e a sede.


Contudo, não posso demorar-me por mais tempo.

O mar, 

que chama a si todas as coisas, 

está-me chamando, e devo embarcar.

Pois permanecer aqui, 

enquanto as horas se queimam na noite, 

seria congelar-me 

e cristalizar-me num molde.


De bom grado levaria comigo tudo o que aqui está. 

Mas como fazê-lo?

A voz não leva consigo a língua e os lábios que lhe deram asas.

É isolada que deve procurar o éter.

É também só, e sem o ninho, que a águia voa rumo ao sol.”



E quando atingiu o sopé da colina, 

virou-se novamente para o mar 

e viu seu navio aportar e, 

no convés, agruparem-se os marinheiros, 

os homens de sua terra natal.



E sua alma gritou e disse-lhes: 

“Filhos de minha velha mãe, que correis na crista das vagas impetuosas.

Quantas vezes navegastes nos meus sonhos. 

E agora chegais ao meu despertar, que é meu sonho mais profundo.

Disposto encontrais-me a partir, 

e minha impaciência, 

de velas desfraldadas, 

está à espera do vento.



Tomarei apenas mais um hausto de ar neste recanto sereno, 

volverei para trás somente mais um olhar afetuoso.

E, logo após, juntar-me-ei a vós, marujo entre marujos.

E tu, vasto mar, 

mãe sempre acordada,

Que, sozinho, 

és paz e liberdade para o rio e o regato,

Uma só volta fará ainda esta corrente, 

um só murmúrio sussurrará ainda nesta clareira,

“Depois, virei a ti, 

gota ilimitada a um oceano ilimitado.”


E enquanto caminhava, viu homens e mulheres 

abandonando suas hortas e vinhedos 

e apressarem-se rumo às portas da cidade.

E ouviu-os chamarem seu nome 

e anunciarem de campo a campo, uns aos outros, 

a chegada de seu navio.


E disse consigo mesmo:

“Será, acaso, o dia da separação o dia do encontro”? 

E será dito que meu anoitecer era, na verdade, minha aurora?

E o que oferecerei àquele que deixou seu arado no meio do rego 

e àquele que imobilizou a roda de seu lagar?


Converter-se-á meu coração numa árvore de abundantes frutos 

que colherei e lhes distribuirei?

E correrão meus desejos como um manancial 

onde lhes encherei os copos?


Sou, acaso, uma harpa 

para que em mim toque a mão do Onipotente, 

ou uma flauta para que Seu sopro me atravesse?

Um ser em procura de silêncios, eis o que sou, 

e que tesouros tenho descoberto nos meus silêncios 

que possa distribuir com segurança?


Se este é o dia de minha colheita, 

em que campos plantei a semente, 

e em que estações esquecidas?


Se esta é, na verdade, a hora de levantar minha lanterna, 

a chama que nela brilhará não será minha.

Vazia e apagada erguerei minha lâmpada.

E o guardião da noite a abastecerá de azeite 

e a acenderá também. ”



Essas coisas, 

ele as expressou em palavras. 

Mas muitas outras permaneceram inexpressas 

no seu coração. 

Pois nem ele podia externar seu segredo mais profundo.



Khalil Gibran



Kahlil Gibran's The Prophet





texto em: O Profeta de Khalil Gibran - http://espacoganem.blogspot.com.br/

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Oração do Amanhecer






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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Gosto quando te calas





Gosto quando te calas porque estás como ausente
e me escutas de longe; minha voz não te toca.
É como se tivessem esses teus olhos voado,
como se houvesse um beijo lacrado a tua boca.


Como as coisas estão repletas de minha alma,
repleta de minha alma, das coisas te irradias.
Borboleta de sonho, és igual à minha alma,
e te assemelhas à palavra melancolia.


Gosto quando te calas e estás como distante.
Como se te queixasses, borboleta em arrulho.
E me escutas de longe. Minha voz não te alcança.
Deixa-me que me cale com teu silêncio puro.

Deixa-me que te fale também com. teu silêncio
claro qual uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo.

Gosto quando te calas porque estás como ausente.
Distante e triste como se tivesses morrido.
Uma palavra então e um só sorriso bastam.
E estou alegre, alegre por não ter sido isso.




Pablo Neruda 



Resultado de imagem para 20 poemas de amor e uma canção desesperada




poesia by: http://nerudapoemas.blogspot.com.br/…/pablo-neruda-poemas.h…

imagem: google





Adeus




Adeus, 

coisas que nunca tive,

dívidas externas, 

vaidades terrenas,

lupas de detetive, 

adeus.

Adeus, 

plenitudes inesperadas,

sustos, 

ímpetos e espetáculos, 

adeus.

Adeus, 

que lá se vão meus ais.

Um dia, 

quem sabe, 

sejam seus,


como um dia foram dos meus pais.

Adeus, 

mamãe, 

adeus, 

papai, 

adeus,

adeus, 

meus filhos, 

quem sabe um dia

todos os filhos serão meus.

Adeus, mundo cruel, fábula de papel,

sopro de vento, 

torre de babel,

adeus, coisas ao léu, 

adeus.


Paulo Leminski

O Louco






Perguntais-me como me tornei louco. 

Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, 

despertei de um sono profundo e 

notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas 

– as sete máscaras que eu havia confeccionado 

e usado em sete vidas – 

e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: 

“Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”


Homens e mulheres riram de mim 

e alguns correram para casa, 

com medo de mim. 


E quando cheguei à praça do mercado, 

um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: 

“É um louco!” 


Olhei para cima, para vê-lo. 

O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, 

e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, 

e não desejei mais minhas máscaras. 

E, como num transe, 

gritei: 

“Benditos, 

benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco. 

E encontrei tanto liberdade 


como segurança em minha loucura: 


a liberdade da solidão e 

a segurança de não ser compreendido, 



pois aquele que nos compreende 

escraviza alguma coisa em nós.


Gibran Khalil Gibran





Imagens by: Google