sábado, 21 de julho de 2018

A EVOLUÇÃO DA FORMA - Poesia de Rumi




Toda forma que vês


tem seu arquétipo no mundo sem­lugar.


Se a forma esvanece, não importa,


permanece o original.


As belas figuras que vistes


as sábias palavras que escutaste,


não te entristeças se pereceram


Enquanto a fonte é abundante,


o rio dá água sem cessar.


Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?


A alma é a fonte,


e as coisas criadas, os rios.


Enquanto a fonte jorra, correm os rios.


Tira da cabeça todo o pesar


e sorve aos borbotões a água deste rio.


Que a água não seca, ela não tem fim.


Desde que chegaste ao mundo do ser,


uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.


Primeiro, foste mineral;


depois, te tornaste planta,


e mais tarde, animal.


Como pode ser isto segredo para ti?


Finalmente foste feito homem,


com conhecimento, razão e fé.


Contempla teu corpo – um punhado de pó –


vê quão perfeito se tornou!


Quando tiveres cumprido tua jornada,


decerto hás de regressar como anjo;


depois disso, terás terminado de vez com a terra,


e tua estação há de ser o céu.


Passa de novo pela vida angelical,


entra naquele oceano,


e que tua gota se torne mar,


cem vezes maior que o Mar de Oman.


Abandona este filho que chamas corpo


e diz sempre “Um” com toda a alma.


Se teu corpo envelhece, que importa?


Ainda é fresca tua alma.


Rumi

Poesias Sufi

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